The Climbers – Um épico em 40 minutos

Por Renato Iazul



Diante de Vocês há uma grande estrutura de blocos coloridos e ordenadamente empilhados. Seu objetivo é simples: subir até o nível mais alto possível. Chegar lá será mais desafiador do que vocês imaginam, e somente um alpinista conseguirá chegar ao topo. Quem de vocês será o vencedor?

Para ajudar na sua escalada, você pode mover e girar os blocos. Escadas podem ser usadas para escalar grandes alturas. Seu Disco de Bloqueio evita que outros jogadores usem um bloco específico. Use suas ferramentas com sabedoria e no momento certo para realizar os melhores movimentos possíveis em sua aventura rumo ao topo!

Não se deixe enganar pelas cores vibrantes e pelo jeitão de brinquedo de peças faltantes, The Climbers é um épico.
É sabido que se reconhece um grande herói trágico pelas profecias que lhe dão em nascimento, coroando-lhe ao início humilde toda sorte de expectativas épicas. E nada resume melhor The Climbers, primeiro design de Holger Lanz, que a linha americana que o ressuscitou de um morno lançamento alemão, quase uma década antes.
Nomeada em 2017 pela editora Capstone Games de ‘Simply Complex’ (Simplesmente Complexos), a linha da qual Climbers foi o primeiro lançamento profetizava “jogos de tabuleiro com atrativa presença de mesa, poucas regras e profunda jogabilidade em menos de uma hora de partida”.
Profecia cumprida: The Climbers encontra lugar nas mesas de crianças competitivas e de jogadores experientes sem distingui-los nas regras, simples de se aprender mas difíceis de se dominar.

MECÂNICAS
– Colocação de Peças;
– Tabuleiro Modular;
– Movimento de Área;

PRESENÇA DE MESA
Desde o momento em que deixa sua justa e precisa caixa, The Climbers ergue-se na mesa como uma obra de arte interativa, demandando atenção não apenas dos até cinco jogadores, desafiados a escalar a estrutura em constante movimento, mas também de qualquer passante previsivelmente seduzido pelas ricas cores e pela sensação de robustez que as peças passam.

POUCAS REGRAS
Tais quais o minimalismo narrativo com que o tema se apresenta – cada jogador um metafórico escalador de uma estrutura semovente a qual deve continuamente subir sem, contudo, desrespeitar espaço alheio – são as próprias regras do jogo, por empréstimo, minimalistas.

Não que sejam assim tão poucas, mas todas elas fruto de umas poucas diretrizes comuns: há que se subir – quanto puderes – há que se erguer caminhos – com qualquer bloco livre – há que se chegar – mais alto e antes que qualquer outro.

MAS CHEGAR ONDE?
Antes de saberem suas próprias cores, os jogadores montam ao redor de duas torres neutras, e de forma a evitar que qualquer cor prevaleça, uma estrutura de blocos coloridos adjacentes e sobrepostos entre si.

MUNIDOS DE HERÓIS
Turno a turno, cada jogador escala a estrutura de blocos, respeitados os limites que o próprio corpo e a trajetória os impõem: tendo todos o exato mesmo tamanho, só podem subir aos degraus que não lhes superem a própria altura; tendo cada qual uma cor diferente, só podem pisar nos blocos cuja face seja da própria cor ou do neutro branco.

APRESENTAM-SE OS OBSTÁCULOS
Mas tal qual dispõe os jogadores de itens de uso único – podendo por duas vezes no jogo erguerem-se muito além do topo de suas cabeças, e por uma barrarem seus perseguidores; podem, a cada turno, mover um, e apenas um, dos blocos da estrutura, se livre de qualquer outra peça ou peão, para auxiliar na sua escalada ou retardar a de outros jogadores.

ENTRAM OS ALIADOS
E nessa dança contínua de escaladores que rumam ao topo, ao passo que constroem esse próprio topo a que buscam alcançar, surge, enfim, o verdadeiro The Climbers.
Não o jogo bem humorado e risonho que se tira da caixa e que toma os primeiros 10 minutos da partida com seus blocos coloridos e sua aparente aleatoriedade e abundância; mas um segundo que, tomando de assalto ao primeiro com o sóbrio silêncio de uma mesa antes em gargalhada, carrega o título de épico.

PROFUNDA JOGABILIDADE
Pouco a pouco, com os jogadores movendo os blocos de forma a ajudá-los a subir, a estrutura como um todo vai se tornando mais verticalizada, com cada vez mais blocos bloqueados por estarem empilhados uns sobre os outros. Isso vai mudando o tom do jogo que, antes uma festa de blocos disponíveis, começa a cobrar dos jogadores um uso econômico e estratégico dos poucos blocos livres.

As risadas e brincadeiras começam a rarear, dando lugar a olhares atentos e apreensivos de quem precisa decidir exatamente como e quando consumir seus escassos recursos.

Não sem razão. A má gestão dos blocos demanda seu preço: subir tarde demais te deixará isolado e sem ferramentas, mas subir cedo demais colocará os outros jogadores contra você; não impedir seus adversários dará a eles meios de te ultrapassar, mas blocos utilizados para bloqueá-los são oportunidades perdidas de consolidar sua própria posição e podem, em poucos turnos, salvar esses mesmos adversários da escassez generalizada.

Mas nem tudo são sombras. Se por um lado a segunda metade de The Climbers oferece amplas oportunidades de bloqueio num cenário de apreensiva escassez, é também nesse momento que surgem as mais orgânicas e curiosas alianças no jogo.

Isso porque, para evitar o fim do jogo e com ele a vitória do jogador que se encontra mais alto nessa rodada, basta que um único peão suba um nível – fazendo com que pretendentes à vitória, em segundo ou terceiro lugar mas com esperanças de tornarem-se o primeiro, auxiliem os jogadores abaixo a subir.

É cada jogador, portanto, constante rival daqueles logo acima ou abaixo e constante aliado daqueles mais distantemente acima ou abaixo; dando a tonalidade narrativa de traições e salvações que se revezam entre os jogadores numa mesma partida.

E é essa tessitura de narrativas duais, em que os jogadores ora se ajudam e ora se atacam, sem muita segurança de que isso não lhes custará a vitória; em que uma mesa ora gargalha, ora silencia com os mesmos eventos; em que todos ora são crianças levianamente movendo blocos, ora são matemáticos em cálculos impossíveis de possibilidades; que faz de The Climbers um épico.

Mas talvez você discorde de tudo isso. Talvez sua mesa nunca se ataque ou nunca se ajude, talvez você jogue com seus filhos rindo do começo ao fim ou talvez você ache o jogo só mais um abstrato sem qualquer senso de conquista. Ainda assim, tudo isso se dará em menos de uma hora.

MENOS DE UMA HORA DE PARTIDA
E o mais épico talvez seja justamente isso: seja qual for sua experiência com o jogo, ele será rápido. Prolongado por jogadores que analisam cada jogada ou apressado por quem busca um aperitivo entre jogos, ele sempre vai te oferecer algo mais rápido do que você conseguiria em outros jogos de igual calibre tático.

Tendo uma horinha e uma mesa de dispostos escaladores, não deixe de apreciá-lo.

DICAS DE DEGUSTAÇÃO:
1. 
Quanto mais jogadores, melhor.
2. Busque uma mesa com espaço para os jogadores a circundarem.
3. Combine antes que partida vocês vão jogar: super rápida sem muita análise ou duelo de mentes enxadristas.
4. Fotos. Só elas vão poder recontar a glória que existe em chegar ao topo que você mesmo galgou.

FICHA DO JOGO
Jogadores: 2 a 5 jogadores
Idade: +8 anos.
Duração: 45 minutos.
Tipo: Caixa Base
Fabricante/Desenvolvedora: Mamute Jogos
Idioma: Português.
Preço médio: Dia 20/08 você irá saber!